Escola municipal de educação hospitalar e domiciliar é inaugurada em Salvador
Projeto terá recurso anual de R$ 5 milhões e atenderá cerca de 2 mil crianças e adolescentes por ano
A primeira escola municipal de educação hospitalar e domiciliar de Salvador foi inaugurada oficialmente na manhã desta quinta-feira (1º) durante uma cerimônia na sede das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid). Em Salvador, o projeto já existe há 14 anos e conta com professores dando aulas em 13 hospitais, quatro casas de apoio e 18 domicílios. A iniciativa pioneira foi justamente das Osid, dentro do Hospital da Criança, em 2001.
A primeira escola municipal de educação hospitalar e domiciliar de Salvador foi inaugurada oficialmente na manhã desta quinta-feira (1º) durante uma cerimônia na sede das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid). Em Salvador, o projeto já existe há 14 anos e conta com professores dando aulas em 13 hospitais, quatro casas de apoio e 18 domicílios. A iniciativa pioneira foi justamente das Osid, dentro do Hospital da Criança, em 2001.
"Esse programa é tão transformador. Esta
inauguração é um ato quase simbólico, formal, porque o mais difícil já
foi feito", disse o secretário municipal de Educação, Guilherme
Bellintani, durante a inauguração. Apesar de já atender crianças,
adolescentes e adultos em hospitais e casas de apoio da capital, os
profissionais que trabalham no projeto reivindicavam à Secretaria
Municipal de Educação (Smed) uma sede administrativa própria, onde os
alunos pudessem ser regularmente matriculados, assim como uma
coordenação pedagógica e uma diretoria.
Já
inaugurada, a agora batizada de Escola Municipal Hospitalar e
Domiciliar Irmã Dulce funcionará no bairro de Amaralina, dentro do
Centro de Arte Mário Gusmão. Para o prefeito ACM Neto, a formalização da
escola ajuda a garantir a permanência do projeto de Classes
Hospitalares e Domiciliares.
“Com
a existência da escola, ninguém mais vai poder comprometer esse
programa. Ele passa a ser um programa permanente. Eu acho que é um dos
poucos casos no Brasil em que a escola é praticamente uma escola
virtual, porque ela acontece em vários lugares ao mesmo tempo, mas tem a
sua sede, tem registro no MEC, tem a sua diretora o seu projeto
pedagógico e tem 47 professores dedicados somente a ela”, afirmou.
Os
47 professore já trabalham nas classes hospitalares e domiciliares de
Salvador, mas agora são conhecidos formalmente como funcionários da nova
escola. Todos eles já possuem familiaridade com o ambiente de educação
hospitalar e domiciliar, mas ele permanecerão em capacitação continuada
pela Smed.
“É uma escola
muito diferente das outras 440 que a gente tem. É a 441ª da rede
municipal de ensino, tem uma sede administrativa em Amaralina, mas são
duas salas basicamente para guarda de material, e de secretaria. Os
professores não vão lá, vão direto às unidades hospitalares ou
domiciliares e lá atendem os alunos, participam das atividades
pedagógicas”, explica Bellintani.
Investimento
Segundo
o prefeito, o investimento anual na escola será de cerca de R$ 5
milhões. A expectativa é que pelo menos 2 mil pessoas sejam atendidas
anualmente. Somente este ano, 1.400 alunos já foram atendidos pelo
projeto. A equipe é formada por uma diretora, Tainã Rodrigues,
coordenadores pedagógicos e 47 professores.
O
projeto pedagógico da escola compreende aulas conjuntas, de arte e
música, em turmas separadas por faixa de idade, além do conteúdo
programático de cada ano, passado particularmente a um ou mais alunos
que estudem a mesma série.
De
acordo com a coordenadora pedagógica Anaildes Bonfim, dependendo da
condição física do paciente, ele pode também receber aulas no próprio
leito. Hoje, a seleção dos estudantes é feita dentro da unidade
hospitalar.
“Eles são até um pouco médicos”
A
estudante Érica Alcântara, de 19 anos, aluna do Bacharelado
Interdisciplinar de Saúde da Universidade Federal da Bahia (Ufba),
também participou da inauguração. Ela foi aluna do programa há cinco
anos, quando foi diagnosticada com câncer e passou por três anos de
tratamento no Hospital Santa Izabel.
“O
momento mais marcante foi no primeiro dia, quando eu cheguei e vi a
professora, porque eu não tinha ideia da existência dela, das aulas.
Isso com certeza me ajudou muito, porque eu tinha aulas de manhã no
hospital e de tarde no centro de apoio. Pode parar tedioso, mas não era,
porque a gente sabia que aquela poderia ser a nossa última aula”,
lembrou.
Érica contou que o apoio dado pelos professores
no hospital também teve influência na escolha da profissão. “Eles não
são só professores, são meio psicólogos e até meio médicos também, estão
com a gente o tempo todo”, disse.
Pouco
antes da inauguração, o prefeito e o secretário Guilherme Bellintani
foram à sala de aula do Hospital da Criança das Osid. Uma das alunas,
Micaela Bandeira da Silva, de apenas 8 anos, aluna há 20 dias na
unidade, chegou até pedir aulas nos três turnos. “Ela vai ter alta e já
quer que eu leve a professora com a gente”, contou a mãe da menina, a
dona de casa Delcina Meira, 27 anos. As duas moram no município de
Barra, no Vale do São Francisco, e vieram a Salvador depois de Micaela
sofrer um AVC.