PF desarticula quadrilha que desviou mais de R$90 milhões da Saúde e Educação na Bahia e outros estados
Da Redação Correio 24hs
Dez mandados de busca e apreensão são cumpridos nas sedes das organizações, nas casas dos envolvidos e em um escritório de contabilidade.
A Polícia Federal (PF) realiza na manhã desta
quinta-feira (5) uma operação para combater uma quadrilha suspeita de
desviar mais de R$ 90 milhões de recursos públicos de prefeituras na
Bahia e outros estados, sonegar R$ 85 milhões em tributos e lavar
dinheiro, por meio de entidades qualificadas como Organização da
Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip).
Dez mandados de busca e apreensão serão cumpridos
nas sedes das instituições, nas casas dos envolvidos e em um escritório
de contabilidade. A Operação Infecto acontece simultaneamente em
Salvador, Juazeiro, Jacobina, Valença e Petrolina, em Pernambuco. Também
participam da operação a Receita Federal do Brasil, a
Controladoria-Geral da União (CGU) e o Ministério Público Federal. Os
ativos financeiros dos suspeitos - que não tiveram os nomes divulgados
- foram bloqueados por ordem da Justiça Federal.

Como funcionava o esquema
De
acordo com a apuração da PF, as prefeituras fraudavam um processo que
dispensava licitação ou simulavam um processo simulado e,
depois, firmavam termos de parceria com as Oscip investigadas,
constituídas fraudulentamente em nome de laranjas. Estão sendo
investigados contratos firmados com os municípios de Barreiras, Ipirá,
Quixabeira, Uauá e Valença.
Em troca de repasse de verbas públicas da Saúde e
Educação, as Oscip responsabilizavam-se pela prestação de um determinado
serviço ou apenas pela mera contratação indireta de mão de obra,
atividades que não são comuns para esse tipo de entidade.
Tanto nos casos de intermediação de contratação de
mão de obra como de prestação de serviços, as investigações apontaram
que o desvio da verba pública variava entre 10 e 20% do valor do
contrato firmado. Os desvios eram maquiados através de cobranças de
“taxa de administração”, superfaturamento de despesas ou mesmo criação
de despesas fictícias.
A PF também identificou contratos dessas entidades
com prefeituras de outros estados, como Sergipe, e acredita que a fraude
possa ser ainda maior. "O exercício de atividades não descritas na Lei
nº 9.790/99 pelas Oscip investigadas representa atuação típica
empresarial e, portanto, afastada a imunidade tributária, ocorreria a
incidência de todos os tributos relativos a uma atividade econômica
comum", explica, em nota, a Polícia Federal, que agendou para às 15h
desta quinta-feira (5) uma entrevista coletiva para dar mais detalhes do
esquema.
Começo da investigação
A
investigação começou depois que a Delegacia da Receita Federal, em
Feira de Santana, percebeu inconsistências no recolhimento de Imposto de
Renda Retido na Fonte (IRRF) relacionado a pagamentos de salários
constantes de termos de parceria firmados entre um determinado grupo de
Oscips e algumas prefeituras na Bahia.
A PF identificou a contratação irregular das entidades, o superfaturamento dos valores cobrados, além da falta de recolhimento das verbas previdenciárias nestes municípios.
Entre 2010 e 2015, a organização criminosa conseguiu cooptar e gerenciar pelo menos dez entidades qualificadas como Oscip, que serviram de instrumento para as fraudes e desvios. Entre as Oscip que vêm sendo utilizadas no esquema destacam-se as seguintes: Cecosap, Inat, Isade, Ises, ITCA, ISO e Idepe.
A PF identificou a contratação irregular das entidades, o superfaturamento dos valores cobrados, além da falta de recolhimento das verbas previdenciárias nestes municípios.
Entre 2010 e 2015, a organização criminosa conseguiu cooptar e gerenciar pelo menos dez entidades qualificadas como Oscip, que serviram de instrumento para as fraudes e desvios. Entre as Oscip que vêm sendo utilizadas no esquema destacam-se as seguintes: Cecosap, Inat, Isade, Ises, ITCA, ISO e Idepe.
O outro lado
Por
telefone o CORREIO procurou todas as prefeituras citadas, tanto nos
telefones fixos das sedes municipais quanto nos celulares dos prefeitos.
A reportagem não teve as ligações atendidas ao procurar posicionamento
das prefeituras de Ipirá, Quixabeira, Uauá e Valença.
Por email, foram procuras
as prefeituras de Ipirá e Uauá, que fornecem endereços eletrônicos em
seus sites. Nenhuma das duas respondeu, ainda. A prefeitura de Barreiras
informou que o prefeito, Antônio Henrique Moreira (PP), está em um
evento, em Salvador. Ele não atendeu às ligações e um assessor direto
foi procurado, mas ainda não respondeu. As Oscip citadas pela PF também
não foram localizadas.